domingo, 27 de novembro de 2011

Tão louco quanto Nós...

O segredo dos segredos se abriria para você.
A face do desconhecido
Oculto além do universo
Apareceria no espelho de sua percepção.
Na verdade, sua alma e a minha são a mesma
Este é o real significado de nossa relação
Entre nós não existe mais eu e você.
Acredite em mim. Tudo o que aparece
são as sombras e imagens.
A mão que as desenha é a mão do senhor
A pessoa não ama
A menos que ilumine sua alma
Ele não é um amante
A menos que gire como estrelas ao redor da lua
Se você olhar cuidadosamente, verá
que cada partícula no ar
Feliz ou triste está mergulhada
Dentro do sol do Universo Absoluto
Cada partícula está tão bêbada
e louca quanto nós.
União... é o jardim do Paraíso
Separação... é o sofrimento do Inferno
O amor permanente no universo
Sempre permanece coberto
E torna nu aquele que está coberto
Este é o ponto sutil.
Oh alma, quem é o seu amor? Você sabe?
Oh coração quem está dentro de você? Você sabe?
Oh carne, você busca um caminho para escapar
de forma desonesta.
Quem está puxando você para Ele?
Olhe. Quem está buscando por você?
O universo estava repleto de milagres.
O orvalho do amor estava misturado com a argila humana
Centenas de sacrifícios por amor
Entraram nas veias da alma e produziram uma única gota
Que é chamada de coração
Oh Amado, estamos mais próximos de você que o Amor.
Somos o solo no qual você anda
É razoável, na crença do amor,
Ver todos os universos através de você
Mas não ver você?
É necessário maturidade para o caminho do amor.
É necessário estar fora dos problemas da terra.
Curar a própria cegueira.
A verdade preenche o universo
Você tem olhos para vê-la?
Rumi



Soneto 17



~ Soneto 17 ~

Se te comparo a um dia de verão

És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.

Ás vezes brilha o Sol em demasia

Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.

Mas em ti o verão será eterno,

E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:

Nestas linhas com o tempo crescerás.

E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver. 

William Shakespeare

sábado, 19 de novembro de 2011

POR AÍ ALÉM...



Deixa um momento o asfalto, vem comigo,
entre jogos de sombra e claridade
conhecer a cintura da cidade.

Respira a plenitude do silêncio
destes montes e montes sucessivos
que ignoram a dor dos seres vivos.

Mergulha no mistério vegetal 

da mata exuberante, onde as lianas 
e as bromélias se calam, soberanas.

E na imobilidade do saveiro
diante da igrejinha, vai sentindo
o que é doçura e paz na hora fluindo.
Carlos Drummond de Andrade